Uma acorda embrulhada em alvos mantos de algodão
A Outra, horas
antes, despertou seu recanto periférico com água rala de café.
A Outra tomou
condução.
A Uma caminhou
passos ritmados, cultivando esbelta silhueta e o coração forte;
o caminho da
roça tomou automóvel.
Encontraram-se bem
ali, onde a Outra vendia ambulante seu sururu e a Uma planejava a festiva e
ritual comunhão de domingo.
- Bom dia, disse a
polida senhora
Polidas maneira e
face, dourada de
sol e ornada de pó de ouro
- Dia, respondeu a
senhora Outra
Cara ruge, de
quentura
-Sururu
fresquinho?
-Quanto tá o
quilo?
-Dezoito.
-Dois, por
gentileza.
Selaram o
encontro, na troca.
A madame pensa
consigo, dezoito reais, que exploração.
A explorada, no
entanto, acordara com o sol, atravessara a cidade, à lagoa, voltara à rota da
Uma, onde estacionou seu isopor de mariscos e aguardou disposta a exaustão das
muitas horas de trabalho. Das horas-de-trabalho, que se confundem à exaustão
com as horas.
Só que a
explorada, dormente, nem percebe.
E a madame,
dormente, nem percebe.
Não se percebe.
Uma e Outra são a
mesma
Filhas gestadas no
mesmo ventre débil d'alagoana família
Trágica mesmice,
intrínseca desigualdade
Pólos dUm'NO vício
Que as veste do
que
E as esquece de
quem
São,
Mas não se percebe.